quarta-feira, 13 de julho de 2011

O ASSUNTO É ... MERCADO DE TRABALHO


Especialistas dão dicas para ter sucesso ao pedir um aumento de salário


Você adora o que faz, se esforça, tem um bom relacionamento com colegas e superiores, no entanto, falta ganhar melhor para ficar totalmente feliz. E, firme nesse objetivo, está se munindo de coragem para pedir um aumento de salário para o seu chefe. Acredite: coragem nem é o atributo mais importante. Para que seu plano dê certo, é preciso levar em consideração os momentos anteriores e até posteriores à fatídica conversa.
O primeiro passo é fazer uma autoavaliação sincera. "Tenha autocrítica para saber se realmente merece esse aumento de salário. Empenho e qualificações contam muito", afirma a consultora de desenvolvimento humano e palestrante motivacional Eliana Barbosa, de São Paulo. "É sempre importante saber o momento adequado de ter essa conversa com a chefia. Caso contrário, essa situação pode até prejudicar o funcionário", completa.
Para a psicóloga Izabel Failde, da Failde Consultoria em Desenvolvimento Pessoal e Profissional, também de São Paulo, é fundamental se informar sobre as políticas e o plano de cargos e salários da empresa, para não atropelar as regras internas. "Outra sugestão é avaliar seu salário em relação ao mercado, para saber se ele está ou não defasado. Considere o quanto ganham os profissionais de mesmo cargo ou similar na sua região, no mesmo segmento de negócio de sua empresa e em companhias do mesmo porte que a sua", explica. Assim, você terá um valor concreto e realista em mente.

Izabel Failde ainda aconselha a analisar a remuneração atual real, que é a somatória de salário e benefícios diretos e indiretos. "Faça as contas e assegure-se dos descontos legais que envolvem o salário pretendido. É comum a alteração de faixa de desconto de imposto de renda, o que acarreta num salário líquido igual ou até menor do que o atual", alerta.
E quando chegar o momento crucial, o que fazer? É fundamental não investir só na abordagem correta do assunto, como usar argumentos convincentes (e verossímeis) e apostar numa postura corporal vencedora. UOL Comportamento selecionou as melhores dicas dos especialistas para turbinar o seu salário. Confira!
MOMENTO
Pegar o chefe pelo braço, no corredor, não é a melhor estratégia. Se o seu chefe for do tipo formal, o ideal é solicitar uma reunião reservada com a secretária dele. Se tiver um perfil mais tranquilo, pode chamá-lo diretamente para conversar.
"Eu acredito que o melhor horário é por volta de uma hora depois que seu chefe chegou à empresa. Ele já vai ter colocado a vida profissional em ordem", sugere a consultora Eliana Barbosa. Dica extra: não avise colegas de suas pretensões, pois isso pode gerar um burburinho desnecessário e prejudicial. O assunto só diz respeito a você.


ASTRAL



Informe-se, antecipadamente, sobre a situação financeira da empresa, como ela está atuando no mercado e como está o cenário econômico atual. Além disso, observe  o humor de seu chefe no dia escolhido para a conversa. É uma péssima ideia abordá-lo no dia em que o carro quebrou ou que alguém do departamento acaba de pedir demissão. Vale a pena, ainda, investigar as próprias emoções. Para as mulheres, por exemplo, conversar sobre aumento em pleno ápice da TPM oferece o risco de a emoção sobrepujar a razão. Escolha um dia em que você esteja confiante e de bem com a vida.


VISUAL

Em um mundo que valoriza tanto a aparência, os trajes que você veste podem somar (ou subtrair) pontos. "Use a roupa que lhe faz se sentir bem, confortável, autoconfiante e natural", afirma Eliana Barbosa, consultora de desenvolvimento humano e palestrante motivacional. "Eu, por exemplo, gosto muito de usar vermelho quando quero me sentir mais energizada e nos momentos em que quero passar uma imagem de determinação e garra", conta.
De acordo com Daniela Levy, presidente da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL), um bom parâmetro é levar em conta a maneira como o chefe costuma se vestir –e tentar imitar cores, tecidos e estilo (formal ou informal). Lembre-se: há uma regrinha implícita em alguns ambientes corporativos de que o funcionário sempre deve se vestir de acordo com o cargo que almeja, e não com aquele que ocupa. Vale a pena apostar no azul, em especial o marinho. O tom inspira confiança e assertividade. O laranja, por sua vez, dá energia, enquanto o lilás acalma.


ABORDAGEM

Ana Maria Ferraz de Campos, instrutora da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística (SBPNL), chama a atenção para o fato de que pedir aumento é sempre delicado e deixa o interessado em situação prévia de estresse. "A meta envolve, na maior parte das vezes, questões emocionais, pensamentos depreciativos e dados reais da empresa, além dos humores do chefe. E chefe é chefe", diz.

"Portanto, prepare-se para a conversa repetindo internamente aspectos e competências que você sabe que tem. Lembre-se de momentos profissionais positivos". Já a consultora Eliana Barbosa sugere colocar-se no lugar de seu superior e imaginar como você gostaria que abordassem esse tema. "Depois, sem rodeios, entre no assunto com bastante maturidade e preparo para ouvir um possível não", explica.

POSTURA



Sua postura corporal fará grande diferença no momento de pedir um aumento de salário. Por isso, cumprimente o seu chefe, sorrindo, sente-se elegantemente na cadeira para conversar, mantendo sua cabeça erguida, de forma que demonstre sua autoconfiança e merecimento.

"Não fique balançando na cadeira, muito menos fazendo algum barulho com as unhas ou um objeto na mesa de seu superior", diz Eliana Barbosa, consultora de desenvolvimento humano e palestrante motivacional. Ana Maria Ferraz de Campos, instrutora da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística (SBPNL), indica lançar mão da técnica de comunicação "rapport", que consiste em imitar sutilmente o estilo da outra pessoa: gestos, postura e até tom de voz. Ao entrar no mundo de seu chefe dessa forma, você o faz sentir que o entende e que vocês têm laços em comum, a famosa empatia.

ARGUMENTOS

Comece a conversa demonstrando autoconfiança plena e agradecendo a oportunidade de trabalhar na empresa. Depois, mostre clareza em sua intenção e não perca tempo. Explique, com fatos, como o seu trabalho agrega valor à empresa. Comente projetos bem-sucedidos que você participou, além das suas atividades normais, ou alguma inovação que gerou lucros para empresa. Fale de suas competências e valores sem desmerecer os demais ou valorizar-se extremamente, já que ser arrogante não é a melhor estratégia.

Como chefes adoram números (eles significam fatos concretos e resultados), cite-os! Exemplos: "Nos últimos seis meses eu e minha equipe superamos as metas da empresa em 12%"; "Meus quatro últimos projetos foram finalizados, em média, 30 dias antes do prazo e os resultados foram 6% superiores aos anteriores"; "Minha carteira de clientes tem crescido cerca de 20% ao mês, enquanto a carteira geral da empresa tem, em média, 5% de crescimento".

“Evite falar dos aspectos negativos e reclamar. Não concentre-se nas fraquezas, mas, sim, nos pontos fortes, nos aspectos positivos, nas forças", ensina Daniela Levy, presidente da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (Appal).
Após argumentar, pergunte se seria possível fazer um ajuste do seu salário ou um aumento da sua remuneração. "Pergunte sobre a possibilidade, a viabilidade. Não faça simplesmente um pedido de dinheiro", diz Daniela. Encerre comentando o quanto você evoluiu no tempo em que trabalha na empresa, e que, por isso, um aumento de salário será um bom reconhecimento.

     ASSERTIVIDADE

Em um mundo ideal, o chefe concordaria com tudo o que você disse, faria uma ligação imediata para o departamento de recursos humanos e aprovaria um aumento de 100%, no mínimo. Na vida real, é raro que a resposta afirmativa ocorra no mesmo instante. Antes de dar o veredicto, seu chefe vai pensar, fazer contas, discutir o caso com outros departamentos e, depois de alguns dias, responderá sobre o aumento. Por isso, tenha paciência.

Seja tolerante (e profissional) se ouvir um não. Ainda assim, agradeça a atenção de seu superior e pergunte, educadamente, quais os motivos de sua resposta negativa, até para que você possa melhorar e crescer mais. "Isso vai ser muito importante para que seu chefe o valorize e, quem sabe, em uma próxima oportunidade,  possa lhe conceder esse aumento", afirma a consultora de desenvolvimento Eliana Barbosa. A psicóloga Izabel Failde também sugere negociar um bônus ou alterações em seus benefícios, como pagamento de combustível ou melhoria da assistência médica. "Se nada disso der certo, proponha retornarem ao assunto em três ou quatro meses", explica. E, claro, ao passar esse período, chame o seu chefe para uma nova conversa.

Sete erros comuns: conheça-os para não cometê-los

1. Se você recebeu uma proposta de outra empresa, pode usar esse argumento, mas não em tom de chantagem. Exemplo: "Estou pedindo aumento porque não quero sair daqui, mas se não tiver jeito, vou para a concorrência, que me fez uma proposta com o valor que almejo.";
2. Evite relatar dramas pessoais, do tipo "Tenho dívidas no cartão de crédito" ou "Preciso reformar a casa". "Isso transfere à empresa os problemas pessoais. Na melhor das hipóteses, o líder entenderá seu drama e, polidamente, recusará dar-lhe o aumento”, diz a psicóloga Izabel Failde;
3. Jamais utilize o cumprimento de suas obrigações profissionais como argumento para pedir aumento. Ausência de faltas ou atrasos e deveres em dia não são diferenciais;
4. Não se queixe de situação alguma, nem queira apontar problemas. Exemplo: “Eu mereço aumento porque a minha função é a mais cobrada e a que vocês menos valorizam.";
5. Nunca compare seus talentos com os de seus colegas de trabalho, porque é antiético e isso vai prejudicá-lo;
6. Há muito tempo o critério do "tempo de casa" caiu em desuso. “Esse é um argumento ultrapassado e vazio. Há inúmeros casos em que os profissionais com menos tempo de empresa são mais empenhados e atualizados do que os mais antigos”, conta Izabel Failde.
7. "Não cite proteções ou injustiças e evite rebater opiniões", diz Ana Maria Ferraz de Campos, instrutora da SBPNL. Argumente sem discutir ou atacar outras pessoas.
FONTE: UOL EMPREGOS - PUBLICADO EM 11/07/11

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