quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O ASSUNTO É: MERCADO DE TRABALHO!



Hábitos que podem comprometer sua carreira

“ Nada é mais forte do que o hábito.”

Ovídio, poeta latino, 43 a.C. a 18 d.C.
Arte de amar, II, 345

Todos nós cultivamos ao longo de nossa existência e carreira determinados hábitos. Alguns são positivos, saudáveis e elogiáveis. Outros, nem tanto. Daí porque é aconselhável a todo profissional, homem ou mulher, não importa a fase de sua carreira, se do preparo, progressoconsolidação ou da plena liderança, confrontá-los periodicamente, a fim de determinar até que ponto alguns deles podem ser danosos a própria vida ou carreira.

A reflexão sobre nós mesmos nos ensina a tomar cuidado em tudo. Conhecendo nossos hábitos reais, positivos ou negativos, podemos preveni-los e até nos inclinar ao outro extremo para – entre o natural e o artificial – achar o ponto de equilíbrio da sindérese, como escreveu Baltasar Gracian. Conhecer-se é o principio da auto-correção. Daí a observação de Lao-Tzu, filósofo chinês, séculos VI – V a.C., A regra celestial, 33: “Quem conhece os outros é sábio; quem conhece a si mesmo é iluminado.”   

Esse exercício é de extrema importância, visto que muitos dos erros que cometemos poderiam ser corrigidos ou mesmo eliminados antes mesmo que eles fossem incorporados ao nosso comportamento profissional. Entretanto, poucos o fazem. Muitos preferem empreender uma carreira sem questionamentos e mudanças substanciais ao longo de sua jornada profissional. E, não raro, sofrem inúmeros revezes: não avançam a novas posições em sua carreira, são percebidos como profissionais medíocres, são demitidos na primeira ameaça de crise econômica  e não adicionam nenhum valor às empresa onde trabalham. Daí porque são considerados como “peso morto” ou “deadwood.”

A natureza desses hábitos varia de profissional a profissional – displicência, procrastinação, falta de comprometimento, ausência de foco no que empreende, comunicação sem objetividade, impontualidade, medo do risco, rispidez,  entre inúmeros outros.

Ao me debruçar sobre o estudo e a observação de hábitos que podem comprometer a carreira executiva, até mesmo daquelas consideradas promissoras, identifiquei alguns deles para submetê-los à consideração e reflexão de meus leitores:

Falta de foco em tudo o que empreendem.

          Com frequência sou abordado por profissionais que desejam saber se estão no rumo certo, visto que sentem que perderam a paixão pelo que faz todos os dias.

          O caso de Mário Pedrosa  (nome fictício, por questões confidenciais), 35 anos, casado, pai de dois filhos, formado em faculdades de primeira linha, fluente em dois idiomas, entre inúmeras outras qualificações, ilustra esse ponto. Desempregado e com indícios de depressão não sabia o que fazer de sua vida após inúmeros set backs. Na verdade, ele não descobriu o que verdadeiramente desejava fazer.

          Eis o comentário que fez quando nos encontramos pela primeira vez: “Estou totalmente perdido. Não tenho nenhuma noção do que desejo fazer em termos profissionais. Tenho tentado várias coisas, porém tudo dá errado.”

          Sim, nada poderia dar certo mesmo para ele. Afinal, um profissional sem foco é semelhante a uma biruta louca.

Caro leitor, sentir-se desconectado e infeliz com a carreira ou o trabalho que executa é sinal de que o profissional precisa mudar rapidamente.

Nunca se sentir totalmente bom e preparado para o que empreende.

          Esse é um hábito vivido por muitos profissionais na maioria de nossas organizações. Eles nunca se sentem totalmente preparados para o exercício de suas atividades. Daí porque não são respeitados, promovidos e reconhecidos.

          Durante minha carreira como consultor e conselheiro para presidentes, diretores e gerentes de grandes organizações,  tenho encontrado muitos gestores que questionam sua adequação ao mundo corporativo.

          Recentemente, aconselhei dois altos executivos em projetos de transição de carreira. O primeiro foi presidente de uma organização com mais de dois colaboradores. O segundo,  diretor de Supply Chain de grande empresa multinacional européia.

          Ambos, a despeito do sucesso conquistado até então, tinham grandes dúvidas se verdadeiramente estavam preparados para o exercício das posições que ocuparam.

          Reconhecemos que muitas vezes inúmeros profissionais não estão totalmente preparados para os desafios a eles confiado. Sim, são poucos, muito poucos, aqueles que podem dizer como o primeiro ministro da Grã Bretanha, Winston Churcill, que tinha se preparado ao longo de toda a sua vida para assumir a liderança de seu país durante período extremamente turbulento, a Segunda Guerra Mundial.

Alimentar esse hábito por muito tempo é fatal para uma carreira.

Evitar conflitos e tentar ser simpático com todos.

          Como estudante de teologia aprendi um ensinamento extraído das cartas paulinas  que diz que devemos viver em paz com todos os homens, se possível. Esse é um dos princípios da vida cristã ideal.

          Entretanto, na carreira executiva, assim como também na vida cotidiana, é inteiramente impossível viver esse princípio na sua plenitude. Afinal, os conflitos são benéficos para o nosso desenvolvimento e aperfeiçoamento de nossas organizações. Os conflitos  ocorreram inclusive nos céus – o diabo, criatura, versus Deus, o criador. Por outro lado, sabemos que aqueles profissionais que desejam ser simpáticos com todas as pessoas, em geral, terminam muito mal. Afinal, é impossível a agradar a todas as pessoas ao mesmo tempo.

          É bom frisar que tal posicionamento não significa que o profissional tenha de ser grosso, mal educado, truculento, arrogante, entre outros comportamentos indesejáveis. O que quero dizer é que se o leitor deseja empreender carreira de sucesso, ele não pode se esconder ou fugir do campo de batalha – o conflito.

          A liderança não nasce de tolo atrevimento nem de comportamento desagradável e sim de adequada autoridade oriunda de um caráter superior e apoiada pelos méritos, como frisou Baltasar Gracian, jesuíta espanhol. Profissionais que temem os conflitos e procuram ser simpáticos  ao longo de sua carreira nunca chegam a lugar nenhum. Eu, particularmente, não conheço nenhum grande executivo ou empresário renomado que tenha assumido postos de liderança ou construído impérios por ser totalmente bonzinho. Isso não existe!

Caro leitor, a carreira executiva deve ser empreendida por profissionais maduros e não por crianças inseguras e medrosas. 

Fonte: http://empregocerto.uol.com.br Publicado em: 28/10/2011